12 de janeiro de 2006

Corte de cabelo

Ontem uma pessoa me fez mais feliz do que já sou normalmente. E é curioso como você pode, sem mais nem menos, ser surpreendido por situações assim.
Estava eu lá, na minha, cortando o cabelo. Quer dizer, quem tava cortando o meu cabelo era a cabeleireira (eita palavra ruim de escrever, mas acho que agora tá certo). Cabeleireira sim, por quê? Barbeiro é do tempo das cavernas! Então. Como eu ia dizendo, tava eu lá. A patroa e o moleque estavam sentados mais atrás, e todos nós falávamos sobre o fato de eu sempre passar máquina. Não, eu não raspo a cabeça. Apenas prefiro a máquina, porque meus cabelos são muito, digamos, rebeldes, e eles não ficam de bom humor quando têm mais que dois centímetros de comprimento. Quando cortados com tesoura então, eles ficam rebeldes sem motivo algum. Um inferno. Enfim, passo a máquina já há uns 15 anos, e sou satisfeito com isso. Animado, eu falava ainda da maravilha que era a nova máquina-de-cortar-cabelo que a cabeleireira estava usando. Um espetáculo. Silenciosa, o pente (aquele que regula a altura do corte) não arranha o couro cabeludo, e ela produz um corte limpo, sem deixar pontas. Repito: um espetáculo.
Mês passado foi a primeira vez que ela cortou meu cabelo com essa máquina, só que ela não teve piedade. Meteu um pente muito baixinho, e eu acabei ficando quase careca. Quando cheguei em casa (dessa outra vez eu tinha ido sozinho ao salão), a patroa levou um susto quando olhou pra mim, o moleque começou a chorar, os cachorros da rua uivaram, e espantei até a coruja que mora na chaminé da nossa churrasqueira. Traumatizei todo mundo. A patroa falou:

− Putz, dessa fez ela te escalpelou, heim?
− É. Acho que ela tava meio braba com alguma coisa e descontou em mim. Sei lá. Ah, mas ela cortou com uma máquina nova muito bacana. Me amarrei. Passa a mão pra ver que legal, ó. Parece um caroço de manga chupado.
− Humm. É, legal. Semi-careca, mas legal.

Pois bem, ontem então... onde é que eu estava mesmo? Ah sim. Falávamos sobre passar a máquina no cabelo. De repente, e não mais que de repente, escuto a cabeleireira dizer:

− Ah, mas você pode passar a máquina tranqüilo, que mesmo ficando curtinho não tem problema, porque sua cabeça é bonitinha.
− Quê que cê disse? Minha cabeça é bonitinha?
− É sério! Sua cabeça é bonitinha, tipo assim, redondinha. Não é aquela cabeça que tem um patamar aqui atrás, ó. Ih, cê precisa ver! Tem cliente minha que tem um patamar horroroso na cabeça. Tem que usar o cabelo pra esconder. Mas você não.
− Pfffffffff... Ah ha ha ha ha.... cabeça bonitinha.... pfffffffffffffff.

Depois de me recuperar das gargalhadas, saí do salão com aquele sorriso no rosto. Afinal de contas, sou um cara com a cabeça bonitinha. Se você passar por mim na rua e me achar feio, não se iluda! Peça pra ver minha cabeça. Talvez eu deixe até você tirar uma foto.
Achou que é bobeira minha? Não tenho culpa de você não ter a cabeça bonitinha que nem a minha.

3 comentários:

  1. Que diachos vem a ser um "patamar" na cabeca?
    É um pedaco de careca???

    ResponderExcluir
  2. Hilário esse post... mas a pergunta tá aqui pulando da boca (ou dos dedos). Que vc esteja feliz que sua cabeça é bonitinha, vá lá, mas usar o sorriso do Tom Cruise é abuso!!!! Fala sério! Bj

    ResponderExcluir
  3. Ah! Obrigada pelo esclarecimento sobre patamar! Eu também nao tenho, apesar disto nenhuma cabeleireira nunca elogiou minha cabeca, heheheheeheh!!!

    ResponderExcluir

Nós Dois Agradecemos Sua Visita