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21 de novembro de 2008

Cotas para Alunos de Escolas Públicas

Notícia de hoje da Folha Online, “A Câmara aprovou nesta quinta-feira um projeto de lei que estabelece o sistema de cotas raciais e sociais nas universidades públicas federais e escolas técnicas de ensino médio. O projeto determina que 50% das vagas nessas instituições de ensino serão destinadas aos alunos que estudaram em escolas públicas no ensino médio”. Essa idéia de cotas para alunos da rede pública nas universidades já é antiga e surgiu lá em 2004 no próprio Governo Federal. Ainda segundo a Folha, “o texto segue para nova votação no Senado, uma vez que sofreu modificações na Câmara. Os deputados incluíram a questão da renda de 1,5 salário mínimo, o que modificou o texto dos senadores”.

Nessa discussão acredito que meu depoimento seja pertinente. Fui aluna da rede pública durante quase toda a minha vida. Estudei em uma escola particular apenas na terceira e quarta séries do antigo primeiro grau (hoje ensino fundamental), cursando o restante das séries e todo o ensino médio (antigo segundo grau) em escolas públicas, na cidade de Teresópolis/RJ. Acredito que durante o ensino fundamental tive muita sorte, pois estudei em uma escola que tinha um excelente nível educacional. Já durante o ensino médio enfrentei longos períodos de greve e muitos outros problemas típicos de escolas públicas, como falta de mesas e cadeiras e falta recorrente de professores em diversas disciplinas.

Acontece que na minha época não se falava em cotas e, por ser de família com poucas posses, a minha única alternativa de cursar o ensino superior era conseguir entrar para uma Universidade pública. E esse era o meu maior sonho e transformei esse objetivo em uma obsessão pessoal. Estudei muito, sozinha e com amigas, para suprir a falta de aulas. Hoje, a recordação que tenho dessa época da minha vida é de esforçar-me ao máximo todos os dias. Não acho que esse seja o cenário ideal para um jovem estudar e imagino que a situação atualmente seja muito pior do que quando estava estudando, em termos de qualidade de ensino.

Depois de muito sofrimento, ainda no ano em que concluí o ensino médio, prestei vestibular apenas para Universidades públicas de renome do estado do Rio de Janeiro (UFRJ, UFSC, UERJ, UFF) e não consegui entrar. Foi por pouco, mas não deu. Não desisti! Aquela era minha meta de vida. Mais do que isso, eu queria cursar Engenharia Mecânica na UFRJ de todo jeito. Passei mais um ano estudando, agora com a ajuda de um Tio que pagou as mensalidades de um curso pré-vestibular (dos mais baratos e mais fracos). Cabe dizer aqui que levei esse de forma mais tranqüila, estudando muito pouco e me concentrando apenas nas deficiências que tinha observado nas primeiras provas que fiz. No final do ano prestei novamente os vestibulares para as públicas (UFRJ, UERJ, UFF e CEFET) e, ao contrário do ano anterior, tive sucesso. Acredito que nesse caso contou muito mais o descanso mental e a maturidade para fazer uma prova melhor. Passei para as quatro Universidades públicas que ficam no Estado do Rio de Janeiro, inclusive a sonhada UFRJ. Nunca na minha vida tinha me sentido tão recompensada por um esforço. Foi a minha maior conquista até aquele momento, e acredito que está entre as mais importantes até hoje. Agora eu conto esta história na distância de 13 anos e ela me parece até um pouco romântica, mas é só eu lembrar quantas lágrimas derramei para que o romantismo desapareça imediatamente.

Nos primeiros dias de aula na UFRJ eu acreditava que a etapa mais difícil da minha educação tinha passado. Pensei: “agora eu estou dentro”. Como eu estava enganada! Escolhi um curso dentre os mais difíceis. Terminá-lo com boas notas e dentro do prazo normal me custou muitas outras lágrimas e muito, mas muito esforço. Foi preciso superar muitas outras dificuldades na minha formação básica para conseguir acompanhar as disciplinas. Consegui novamente! Com ajuda da minha família e com a ajuda daquele do melhor amigo que eu poderia ter encontrado na minha vida, meu marido.

Se você teve a paciência de ler tudo que escrevi aí em cima deve estar acreditando que sou favorável ao projeto de lei em discussão. Mas não sou! Na verdade, sou radicalmente CONTRA! Eu vivi a realidade da escola pública e sofri para conseguir a formação que tenho hoje e não acredito que tenha que ser tão sofrido para um jovem conquistar o direito de ter uma formação superior. Concordo que é preciso que os estudantes da rede pública tenham acesso ao ensino superior porque é desse jeito que a desigualdade social do Brasil vai diminuir. Apenas não concordo que o sistema de cotas seja solução. Solução é melhorar a qualidade das escolas públicas para que os alunos sejam capazes de prestar um vestibular de alto nível e consigam passar. Desculpem-me aqueles que acreditam que eu possa estar sendo politicamente incorreta, mas colocar alunos mal preparados em cursos de alto nível só pode resultar em duas coisas: ou o curso diminui seu padrão para que os alunos consigam se formar, ou os alunos não vão conseguir concluir o curso e abandonarão o mesmo. Em minha opinião, nenhuma das opções é aceitável.

Não sei o que podemos fazer para impedir que esta idéia insensata se torne realidade. Elegemos nossos representantes e eles estão procurando resolver os problemas do Brasil da forma mais fácil, mas protestar sempre é uma ferramenta. Então meus amigos, protestemos!

20 de novembro de 2008

Para não deixar acabar...

Sabem, essa história de blog é muito engraçada. A gente começa com o maior gás e depois vai parando, parando, parando... quando percebe, já parou. Mas volta e meia eu entro lá só pra matar as saudades. Quase sempre encontro um comentário (Kindliche Kaiserin) e me sinto novamente na obrigação de postar alguma coisa, qualquer coisa mesmo, só pra não ficar com o sentimento de ter abandonado um filho (talvez o termo correto fosse uma criação). Por este motivo estou aqui novamente, postanto qualquer coisa... (rs).

Por ter perdido totalmente a mão de escrever, vou contar como anda a família. O maridão vai muito bem, obrigada. O moleque mais velho quebrou o coco antes de ontem. Correndo pela casa (como toda criança, por mais que a gente implore para eles não correrem) escorregou e bateu a cabeça no portal da porta da cozinha. Caos instalado em casa, minha mãe que toma conta das crianças enquanto estou no trabalho, liga pra cá desesperada pedindo pra corrermos para casa. Saímos voando mas quando chegamos em casa a situação já estava mais calma. Levamos o moleque pro hospital e o médico deu só um pontinho no corte. Ficou tudo bem, graças a Deus. O moleque mais novo está ótimo. Com quase 11 meses está engatinhando e tentando falar. É muito sapeca e quase deixa a gente louco em casa. No mais, tudo em ordem.

Daqui a um tempo eu volto. Um grande bj e até mais.

25 de junho de 2008

Já vai?

A patroa mandou postar, eu posto. Como estou ficando velho e velho adora contar história, aqui vai uma, digna de nota, aliás.

Sou muito bem-humorado sempre, mesmo na desgraça, e tento criar meus moleques (isso, agora eles são dois; DOIS) para que eles também o sejam. Além de chamar mãããããe e papaaaaai, o nosso mais velho andou tropeçando um tanto. Normal, visto que o cidadão nem andava direito ainda, e só queria correr. Eu, com meu espírito gozador, cada vez que ele tropeçava, dizia brincando: “ô filho, já vai?”.

Pois bem. Outro dia estávamos nos preparando pra sair da casa dos meus pais, e depois de calçar meus tênis, tropecei na perna de uma cadeira. Imediatamente o moleque olhou pra mim e disse com um sorriso no olhar: “ô pai, já vai?”. Depois de cessarem as gargalhadas de todos, cumprimentei o moleque pelo timing perfeito, e disse: “esse é meu filho!”

23 de junho de 2008

Notícias

Nossa! Passei tanto tempo sem escrever nesse blog que ficou difícil até de saber como logar no Blogger. Mas consegui... e estou aqui com muitas novidades. Tá, tá bom. Não são muitas novidades... mas tem uma de 8Kg que é linda. Linda, sapeca e adora fazer a gente passar a noite em claro. Mas filhos são assim, não é mesmo?! A gente fica com sono, mas não perde o sorriso.

Ah!! Vocês lembram (se não lembrar, clique aqui) que eu tinha prometido perder uns quilinhos... pois então, perdi. Na verdade, eu tinha prometido providenciar um irmãozinho pro molequinho lá de casa (que por sinal estará fazendo 4 aninhos na próxima semana). Missão cumprida. Tinha prometido também perder 20 quilos. Bem, missão quase cumprida porque perdi 15 quilos até agora. Quanto è recauchutagem, essa vai ficar pra depois de defender o doutorado.

No mais, muito trabalho (claro, depois de looooongos meses em casa só amamentando, trocando fralda e malhando pra emagrecer) e uma tese de doutorado para ser feita. Estamos trabalhando nisso (eu acho) e devemos ter alguma coisa pra apresentar pra banca no final do próximo ano (e que os anjos digam amém).

Bem, deixo vocês com a promessa de escrever com maior freqüência (se é que ainda tem alguém que lê isso aqui) e com uma fotinho dos meus lindinhos. Um grande bj e até a próxima.

14 de maio de 2007

É mesmo uma pena...

Quando a gente acha que finalmente apareceu alguém de peito e com respaldo pra tocar nas feridas que precisam ser futucadas, vem um pra jogar água fria... Pena... muita pena!
Tomara que o Temporão não jogue a toalha.

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Lula: ‘Governo não vai mandar projeto sobre aborto para o Congresso’

JUNDIAÍ (SP) – O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira em Jundiaí, em rápida entrevista na saída da Siemens, onde participou da inauguração de uma unidade da empresa, que o governo não vai encaminhar ao Congresso nenhum projeto para legalizar o aborto. A medida foi criticada amplamente pelo Papa Bento XVI em sua visita ao Brasil.
(...)
O tema, que voltou à tona após as declarações do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que pediu uma consulta à população sobre o assunto, também é polêmico no Congresso. (...)

10 de abril de 2007

Médicos Sem Fronteiras

Eu sei que estou devendo um post sobre a legalização do aborto, mas ainda não consegui me inspirar para escrever sobre esse assunto tão polêmico. Mas, fazendo buscas na internet sobre o tópico, encontrei o site dos Médicos Sem Fronteiras e não pude deixar de parar para ver com mais cuidado.

Primeiro eu descobri um pouco melhor como surgiu o grupo. Na verdade, eu tinha conhecido esse nome há alguns anos atrás quando a minha cunhada tinha trabalhado em uma empresa que prestou serviço ao MSF. Mas, para ser inteiramente sincera com vocês, jamais tinha perdido um segundo para saber melhor o que estas pessoas se prestam a fazer. Logo, minha admiração por estes profissionais que decidem sair de suas casas para ajudar desconhecidos necessitados em lugares esquecidos por todos não poderia ser maior.

Em 1971, o sentimento de frustração desse grupo e a vontade de assistir às populações mais necessitadas de modo rápido e eficiente deram origem a Médicos Sem Fronteiras. A organização surgiu com o objetivo de levar cuidados de saúde para quem mais precisa, independentemente de interesses políticos, raça, credo ou nacionalidade. No ano seguinte, MSF fez sua primeira intervenção, na Nicarágua, após um terremoto que devastou o país. Hoje, mais de 22 mil profissionais trabalham com Médicos Sem Fronteiras em mais de 70 países.

Resumindo, a instituição que hoje é conhecida como Médicos Sem Fronteiras recruta profissionais, principalmente das áreas de saúde, e os envia para trabalhos humanitários em diversos locais do mundo, onde a população civil enfrenta problemas decorrentes de guerras, catástrofes naturais ou calamidades. (leia mais aqui)

A cada ano, mais de 3.000 profissionais, de mais de 40 nacionalidades, diversas faixas etárias e diferentes áreas, partem para trabalhar nos projetos de Médicos Sem Fronteiras.

Devido aos resultados alcançados pelo grupo a MSF foi agraciado com o Prêmio Novel da Paz de 1999. Este grupo leva adiante o princípio fundamental de que todas as vítimas de desastres, sejam estes de origem natural ou humana, têm direito a uma assistência profissional, fornecida da forma mais rápida e eficiente possível.

O Comitê Nobel Norueguês decidiu conceder o prêmio Nobel da Paz de 1999 a Médicos Sem Fronteiras (Médecins Sans Frontières), em reconhecimento ao trabalho humanitário pioneiro desta organização em vários continentes.
Existem alguns projetos dos MSF específicos para o Brasil. Dentre eles um que me pareceu muito interessante é o Projeto Meio Fio. De 2000 até 2004 uma equipe multidisciplinar de MSF – formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e educadores de rua – percorreu as ruas do centro do Rio de Janeiro abordando os beneficiários na própria rua, oferecendo uma assistência primária no local, e, quando necessário, encaminhando-os para os serviços existentes. (leia mais aqui)

Hoje, os Médicos Sem Fronteira são a minha família. Como é que pessoas, um grupo, uma organização não governamental acolhe com tanto carinho as pessoas em situação de rua, e trata delas? Eu tenho que ter carinho comigo mesmo para ser digno do carinho que dão para mim. Então, acho que a primeira coisa para sair desta situação é se amar, e eles me mostraram o caminho do amor”. Lísias Valério Bergo, beneficiário do projeto Meio-fio.
Exposição de fotografias “Sua Rua, Minha Vida”

Têm tanta coisa de ruim acontecendo no nosso Brasil e no mundo todo que eu acho que a gente devia se inspirar na coragem dessas pessoas que largam suas vidas para ajudar outros. É claro que não estou aqui dizendo que todo mundo tem que fazer o mesmo. Antes de mais nada é preciso ter vocação para este tipo de trabalho humanitário. Mas o que eu quero dizer é que se a gente olhar a nossa volta bem direitinho, vamos descobrir que podemos fazer muita coisa para ajudar, e não vai ser necessário nem mudar muita coisa nas nossas rotinas. Vamos tentar!! Eu vou.


9 de abril de 2007

Filmes na Páscoa

Cinema? O que é cinema? Heim? Não sei do que você está falando... Não preciso nem dizer que fazem eras que não vamos ao cinema. Acho que isso todo mundo já sabe. Fazer o que, né? Mas adoramos filmes de qualquer maneira e estamos mais do que nunca freqüentando a locadora. Na quinta-feira passada, antes do feriado, passamos por lá e alugamos um pequeno pacote com cinco filmes: três para nós dois e dois pro moleque.

E por falar nisso, vocês gostam de filmes de criança? É que eu acho que, de uns tempos pra cá, os filmes infantis estão cada vez melhores. Na verdade, alguns são mais divertidos para os adultos do que para os pirralhos. Filmes como A Nova Onda do Imperador, Madasgascar e Sherk são deliciosos, recheados de piadinhas e referências a filmes clássicos. Neste fim de semana pegamos um vale muito a pena. O nome do filme é Happy Feet (leia mais aqui) e a historinha tem como personagens pinguins que passam muita graça e mensagens legais. Além disso, alguns clássicos estão sendo relançados e as crianças de hoje estão tendo a oportunidade de ver o Dumbo voando e o Capitão Gancho às voltas com o não menos famoso Jacaré (porque vocês sabem que as crianças gostam mesmo dos vilões, não dos mocinhos... afinal o Lobo-mau é muito mais interessante que os Três Porquinho...).

Enfim... Além dos infantis, assistimos filminhos de gente grande. Vou falar um pouco sobre cada um, começando do pior pro melhor, ok?

O Sol de Cada Manha: o que o Nicolas Cage (benzadeus) estava pensando quando aceitou fazer esse filme? Heim? Alguém já viu? Se viu, me explique, se não viu, não veja. Eu adoro o moço e achei que fosse ser um filminho do tipo Homem de Família, doce e com alguma mensagem, sem grandes pretensões artísticas, eu sei, mas gostoso de assistir. No frigir dos ovos não foi nada disso. Ficou mesmo num drama que tenta ser profundo, mas só consegue ser chato. (leia mais aqui)
O Sorriso de Monalisa: eu ADORO a Julia Roberts e vejo sempre seus filmes. Mas quando olhei a capa desse filme na locadora jurava que ainda não tinha visto. Fiquei intrigada e levei pra casa. Comecei a ver e, realmente, já tinha assistido. Sem problemas, vi novamente e passei uma deliciosa tarde de sábado. Recomendo. Uma bela mensagem sobre o papel da mulher. (leia mais aqui)

Flyboys: : eu ando meio reticente sobre assistir filmes de guerra. O maridão adora, mas eu não agüento mais ver sangue escorrer da TV e aquela barulheira de tiro me ensurdecendo (acho que tô fiando velha mesmo). Mas esse eu mesma sugeri que ele pegasse. Já tinham me falado que era muito legal, e depois de dois filmes água com açúcar ele merecia algo mais “masculino”. Pois eu estava enganada sobre a temática de guerra do filme. Até tem uns tiros e algum sangue, mas o que prende no filme é a sua história e a sensação deliciosa de ver os primórdios da aviação. Tem cenas que chegam a ser surreais. Vale muuuuito a pena. (leia mais aqui)
Sem mais... Bjs.

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Atualização

E sobre a Páscoa lá em casa... bem, foi uma delícia. Tirando o fato que eu quase "decepei" um pedaço de um dedo da mão esquerda fazendo o almoço da sexta-feira... (calma! está tudo bem... nem precisei ir ao hospital). No sábado dei um longo passeio com o moleque e descansei durante a tarde, enquanto o maridão foi ajudar o pai dele na arrumação da casa nova. No domingo fomos todos pra lá, porque além de Páscoa era o aniversário do sogrão e aproveitamos um churrasco maravilhoso (debaixo de chuva, é bem verdade). Ah, e logo cedo teve a "busca dos ovinhos", com direito a muitas carinhas de surpresa. Uma delícia, em resumo. Bjs

5 de abril de 2007

Vacinação de adultos

Recentemente descobri que adulto também tem que ser vacinado. Na verdade, existe um calendário de vacinação para cada fase da vida: criança, adolescente, adulto e idoso. E a falta dessas vacinas após o fim da infância tem gerado problemas graves em relação à doenças que já deveriam estar controladas faz tempo. O ministério da saúde tem alertado sobre este problema, mas infelizmente essa informação não está chegando à população em geral.

É verdade que as doenças infantis estão sendo erradicadas, como é o caso da paralisia infantil que não apresenta um caso a mais de 14 anos. Além dessa, doenças que afligiam milhares de crianças brasileiras estão sendo controladas, como as formas graves de tuberculose, o tétano, a coqueluche, a difteria, a rubéola, a caxumba, dentre outras. Erradicou-se a febre amarela urbana e a varíola. Há três anos não é registrado nenhum caso de sarampo, doença considerada em processo de erradicação no Brasil. (leia mais aqui)

Mas o que está acontecendo é que os adultos não conhecem a necessidade de imunização após a infância e deixam de tomar vacinas importantes, que precisam ser repetidas periodicamente, ficando expostos à doenças como tétano, sarampo, rubéola, caxumba e hepatite B. Como as crianças estão sendo constantemente imunizadas com respeito a essas doenças e os adultos estão susceptíveis por falta de vacinas, o segundo grupo tem apresentado maior número de casos, incluindo um aumento da taxa de óbitos.

Mais grave ainda é a situação da falta de vacinação de mulheres em idade fértil, pois existem duas doenças que podem causar danos graves ao bebê. Uma delas é o Tétano Neonatal, que pode causar até a morte da criança. Outra é a rubéola na gestante que pode acarretar má formação do feto e o conseqüente aborto, ou a Síndrome da Rubéola Congênita, uma série de alterações irreversíveis na formação do feto. Descobri isso recentemente, quando fui orientada pelo pediatra do meu filho a tomar as vacinas necessárias. Lendo sobre o assunto fiquei sabendo que todas as mulheres que deram à luz ou que sofreram aborto devem ser vacinadas contra rubéola. Eu passei pelas duas situações, uma à quase 3 anos e outra à poucos meses, e ninguém me falou sobre isso. Na verdade, a rubéola é um dos grandes causadores de aborto e eu também não sabia.

O que está faltando então? Acho que é preciso que o governo, que possui um Programa Nacional de Imunização que funciona tão eficazmente no que diz respeito à vacinação de crianças, se dedique mais às campanhas de conscientização dos adultos, e dos médicos também, diga-se de passagem. Porque o meu ginecologista, que é ótimo e em quem eu confio plenamente, não me falou sobre as vacinas e eu não sei dizer o porque. Mesmo o pediatra do meu filho, que recomendou que eu tomasse as vacinas, me aconselhou a esperar mais 3 meses para engravidar novamente quando na verdade, é preciso aguardar apenas 30 dias para tentar outra gravidez. Enfim, falta mesmo é esclarecimento (leia mais aqui).

Depois de tudo isso, eu só posso recomendar uma coisa: procurem o posto de saúde mais próximo da sua casa, leve seu cartão de vacinação (se você tiver) e faça a sua parte. Não vou dizer que não dói. Dói um pouquinho sim! Mas vale a pena. Eu já estou imunizada e o maridão também.

Um grande bj.

4 de abril de 2007

Ministro da Saúde defende legalização do aborto e ampliação da licença maternidade

Duas discussões super-pertinentes estão surgindo no rastro da posse do novo ministro da saúde, José Gomes Temporão. As duas estão ligadas aos direitos da mulher e devem dar o que falar nos próximos tempos. Uma delas é a legalização do aborto. Mas esse assunto eu prefiro deixar para um outro post. Acho que vai dar muito pano pra manga e acredito que esta discussão deve ser feita separadamente. A segunda diz respeito à ampliação da licença maternidade de 120 dias (4 meses) para 180 dias (6 meses), com o intuito de garantir a amamentação até o sexto mês de vida da criança. Segundo o ministro, a iniciativa da senadora Patrícia Saboya Gomes (PSB-CE) com a criação do projeto de lei PLS 281/05 (leia o texto do projeto aqui) deve ser apoiada pelo governo. Na verdade, o presidente Lula já se mostrou favorável ao tópico. Além disso, em adição ao projeto de lei da senadora, o relator e senador Paulo Paim (PT-RS) propôs que o benefício seja estendido às servidoras públicas federais.

Sobre este tema já são mais do que conhecidos os benefícios da amamentação (leia mais sobre o assunto aqui e aqui) e é indiscutível a tranqüilidade que esta ampliação irá trazer para as mães que estão amamentando. Eu vivi esta situação e sei o quanto foi difícil continuar amamentando meu bebê até o sexto mês, depois de retornar ao trabalho. O primeiro problema que enfrentei foi a diminuição na produção de leite. Coisa mais do que comum, uma vez que o bebê não suga o leite durante o tempo que estamos no trabalho, e eu não consegui me adaptar às bombas de sucção para armazenamento do leite. Como resultado, meu filho ficou mamando apenas nos momentos em que eu estava em casa (de manhã, no almoço e à noite). Chorei muito e fiquei muito triste por saber que durante um grande número de horas ele não podia mamar. Graças a Deus ele se começou a tomar suco durante estes períodos e não largou o peito por causa disso. Mas poderia ter sido diferente. Agora estamos pensando em ter outro bebê e não tenho como negar que a possibilidade de poder amamentar por seis meses em casa me deixa muito feliz. Espero que eu possa usufruir desta lei. Mas mesmo que não possa estou muito esperançosa de que outras mamães poderão fazê-lo.

Mas existe o outro lado da moeda, e não falar sobre ele não vai fazer que o mesmo deixe de existir. As empresas sofrem financeiramente com o afastamento de suas funcionárias por longos períodos. É só a gente fazer o exercício de se colocar na posição de um dono de uma pequena empresa pra imaginar o quanto é complicada a gestão desta situação. Ele não tem a funcionária lá, não tem dinheiro para contratar outra e tem o mesmo trabalho que precisa ser executado. Complicado, muito complicado. Mas eu tenho convicção de que mesmo este prejuízo é válido, porque se tivermos nossas crianças saudáveis podemos trabalhar muito melhor depois, sem faltas para levar os filhos ao médico toda hora, por exemplo. Além disso, o projeto de lei em questão prevê incentivos fiscais para a empresa, de forma que este prejuízo financeiro possa ser minimizado. Estou muito esperançosa de que dessa vez as coisas caminhem porque acredito que estejam sendo feitas de forma responsável.

Essas notícias me fizeram pensar que nosso país tem muitos problemas, é verdade, mas que quando aparece uma pessoa disposta a enfrentar esses problemas de peito aberto conseguimos avanços significativos enquanto nação. Eu não discuto política, não entendo política e, ultimamente, só tenho tido raiva das poucas coisas que ouço sobre os políticos. Mas é verdade que existem os que trabalham e lutam pelos direitos dos cidadãos. Eu não sei dizer se as pessoas que citei neste post são íntegras e maravilhosas, porque não as conheço, nem como pessoas, nem com políticos, mas estou muito orgulhosa de poder dizer aqui que elas estão fazendo algo de produtivo com o cargo que receberam do povo.

Um grande bj.

P.S.: Como não podia deixar de ser, esse assunto também está sendo discutido pela Denise. Tenho que dizer que escrevi meu texto depois de ler as reflexões dela. Leiam também!!

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Atualização

A Sociedade Brasileira de Pediatria está fazendo uma campanha linda para a ampliação da licença materindade com o título "Licença Maternidade: 6 meses é melhor!". Para saber mais clique aqui.


Eles também tem campanhas anuais de incentivo à amamentação. Abaixo está o vídeo da campanha de 2006 que teve como madrinha a atriz Cássia Kiss.


28 de março de 2007

Claude Monet

Mais um pouquinho de arte...

Como eu tinha dito, sou apaixonada pela obra do Monet. Não sei dizer porque. Nesse link vocês podem obter mais informações.

1. Woman with a Parasol, 1875, National Gallery of Art, Washington
2. The Japanese Bridge, 1900, Private Collection
3. The Red Kerchief, 1870, Cleveland Museum of Art, Ohio
4. Garden path at Giverny, 1902
5. Jerusalem Artichoke Flowers, 1880, National Gallery of Art, Washington
6. The Japanese Bridge, Green Harmony, 1899, Musée d'Orsay, Paris

Marley e Eu

Acabei de ler ontem. Adorei... Nem imaginava que o livro ia ser tão legal, mas depois das primeiras páginas tive que me render. É daqueles que a gente devora o mais rápido possível. Dei gargalhadas deliciosas com as estripulias de Marley e com o sofrimento da sua família. Chorei nos momentos mais sofridos e, não posso negar, fiquei com aquele tantinho de vontade (que já passou...) de ter um cachorrinho lá em casa. Recomendo muito mesmo. Comprem e leiam sem preconceitos.

Bjs e boa leitura.

P.S.: Nesse link vocês podem saber mais sobre o livro, sobre o autor e, principalmente, sobre Marley.

23 de março de 2007

Gustav Klimt

"I have the gift of neither the spoken nor the written word, especially if I have to say something about myself or my work. Whoever wants to know something about me -as an artist, the only notable thing- ought to look carefully at my pictures and try and see in them what I am and what I want to do."
Gustav Klimt
"Eu não tenho nem o dom da oratória nem o dom da palavra escrita, especialmente se eu tenho que falar sobre mim mesmo ou sobre meu trabalho. Quem quiser saber alguma coisa sobre mim – como um artista, a única coisa notável – deve olhar atentamente para minhas pinturas e tentar e ver nelas o que eu sou e o que eu quero fazer." (tradução livre)
Eu não gostava muito das obras do Klimt não. Na verdade, eu vivi uma fase onde só as pinturas do Monet me apaixonavam. Eu sei que é uma grande tolice. Infantilidade até. Afinal, não é porque uma obra de arte parece diferente do que você considera bonito que ela não é bela. Quando tive a oportunidade de ver um Klimt de verdade mudei totalmente de opinião. É lindo! Impressionante e lindo. Emocionante também. Fiquei apaixonada e de quebra aprendi a apreciar as coisas antes de julgar se gosto ou não. Hoje fiz uma pequena seleção das pinturas que mais me agradam. Umas são bastante famosas, outras nem tanto. Vocês podem achar mais nos links Expo Klimt, Pintores Famosos.com.br e WebMuseum



1. Judith I, 1901, Museu de Osterreichische, Viena
2. Portrait of Emilie Flöge (Retrato de Emile Flöge), 1902, Galeria Osterreichische, Viena
3. Hope I (Espero Eu), 1903, Prague Narodni Galerie
4. The Kiss (O Beijo), 1907/8, Museu Osterreichische, Viena

P.S.: O maridão aqui acabou de lembrar que na Choperia Giovanetti Cambuí, em Campinas, tem um vitral maravilhoso do quadro "O Beijo". Para quem mora em Campinas ou estiver visitando, vale a pena dar uma passada porque, além de poder admirar o vitral, o lugar tem um chopp delicioso e petiscos maravilhosos. Bjs

22 de março de 2007

Violência doméstica

Olha gente, eu não sou muito de escrever sobre assuntos polêmicos, até porque eu acho que tem aí, pela blogsfera, muita gente competente (muito mais competente do que eu) fazendo isso. Mas não tá dando mais pra ficar calada quando o que eu tenho visto nos jornais é uma enxurrada de notícias sobre violências contra a mulher. A grande maioria praticada pelos companheiros ou ex-companheiros. Essa violência não tem classe social nem raça. Acontece em todos os níveis e com gente de toda cor.

Eu não vivo e nem nunca vivi este tipo de sofrimento. Tive a sorte de encontrar um companheiro que me respeita acima de tudo. Nós sempre conseguimos, mesmo nos momentos de crise conjugal, manter o nível da discussão em patamares sadios. Acho que por isso mesmo eu me sinta tão penalizada pela situação que um sem número de mulheres enfrenta pelo mundo afora.

É bem verdade que os casos que eu estou citando aí abaixo são extremos, onde a violência chegou ao nível de tirar a vida dessas pobres mulheres. Não quero entrar no mérito se uma traiu ou se a outra era uma megera chata. Nada serve como desculpa para que esses homens se achassem no direito de acabar com a vida delas. Mas todos nós sabemos que diariamente muitas esposas, companheiras e namoradas sofrem caladas violências físicas e psicológicas.

E a gente se pergunta: porque estas mulheres permanecem caladas?

Bem, eu acho que quando estamos falando de classes mais altas, onde as pessoas tiveram acesso à educação, a explicação está na imagem que elas precisam manter. As famílias esperam isso delas. Muitos pais e mães preferem acreditar que suas filhas são felizes no casamento e não querem enxergar (nem que elas contem) que sofrem agressões por parte daqueles que elas escolheram para dividir a vida. Preferem manter um discurso do tipo: “Ora, minha filha. Mas ele é um ótimo marido. Nunca faltou nada dentro de casa. Você deve estar exagerando”.

Se pensarmos nas classes menos favorecidas a explicação é ainda mais óbvia e chocante. Essas mulheres não têm direitos. Os companheiros acreditam que elas não têm. Viram suas mães sofrendo o mesmo tipo de tratamento e acreditam que é assim que as mulheres devem ser tratadas. Elas não merecem escolher se querem ou não transar naquele dia. Eles querem e é assim que tem que ser. Se elas fazem “doce” apanham pra “aprender”.

Mas as coisas não têm de ser exatamente como eu descrevi acima. Os motivos podem ser trocados e o que achamos que seria o comportamento de um homem que não teve direito à educação pode muito bem vir de um “mauricinho”.




Bem, não quero chegar em conclusão nenhuma com este texto. Queria mesmo era botar pra fora minha indignação e fazer o leitor pensar sobre o assunto também. Na web tem muita coisa sobre o assunto. Uma ótima fonte de informações sobre esse assunto é o Portal da Violência Contra a Mulher e o blog Mulheres de Olho, ambos do Instituto Patrícia Galvão. A Denise sempre aborda o tema no Síndrome de Estocolmo e uma simples busca no google vai trazer uma lista infinita. No vídeo abaixo está a Campanha pela Não Violência Contra a Mulher de 2006 do Intstituto Patrícia Galvão.



Notícias recentes de extremos da violência contra a mulher.

Notícia do dia 9 de março de 2007, Redação Terra.
Câmera mostra homem matando ex a tiros no PR
Um homem de 56 anos, que estaria inconformado com o fim do relacionamento, teria atirado na ex-namorada, 23 anos, no centro de Curitiba (PR). Ela morreu no local. De acordo com informações da Globonews, a ação foi flagrada por uma câmera do circuito interno de um prédio. O crime teria ocorrido na quarta-feira, mas as imagens foram divulgadas ontem.
(...)
Dos quatro tiros, dois atingiram a cabeça da vítima, que morreu na hora. Ela tinha três filhos, de outro relacionamento. As crianças têm 10 meses, 5 e 6 anos.
Haroldo foi preso em flagrante com a arma do crime e foi reconhecido por cinco testemunhas. As imagens do crime foram anexadas ao inquérito.
De acordo com colegas de trabalho de Susane, ele já teria ameaçado a jovem anteriormente. Os dois moraram juntos durante oito meses e Haroldo teria ficado inconformado com o fim do namoro, em dezembro.

Notícia do dia 20 de março de 2007, G1 em São Paulo
Marido deixa a ex em cativeiro por 9 meses
Mulher, de 20 anos, foi seqüestrada em junho do ano passado no Paraná. Vítima está pesando 35 quilos e tem hematomas e queimaduras pelo corpo.
Uma mulher de 20 anos foi mantida em cárcere privado pelo ex-marido durante nove meses em Colombo, no Paraná. Segundo reportagem publicada nesta terça-feira (20) pela “Gazeta do Povo”, a vítima foi libertada do cativeiro na sexta-feira (16).
A mulher foi encontrada com a cabeça e as sobrancelhas raspadas. O corpo tinha hematomas e queimaduras de cigarro. De acordo com a polícia, ela estava pesando apenas 35 quilos.
A vítima, que não teve o nome divulgado, foi seqüestrada em 21 de junho do ano passado pelo ex-marido, que tem 29 anos e era procurado por ter matado a ex-cunhada.
Ela contou à polícia que fugiu da casa do ex-marido porque era agredida. A mulher foi seqüestrada na rua e nunca mais pôde ver a família. Chegou a fazer alguns contatos com a mãe por telefone, mas não podia dizer onde estava. Segundo a delegada Márcia Rejane Marcondes, a vítima era espancada com freqüência e ameaçada de morte.
Quando percebeu que ela corria risco de morte, o ex-marido ligou para um conhecido e revelou onde estava a vítima, que foi hospitalizada e terá de passar por cirurgia. O ex-marido está desaparecido.

Notícia do dia 21/03/2007, G1 no Rio de Janeiro
Homem suspeito de matar mulher e duas filhas é hospitalizado
Ele teria usado faca e até um machado, segundo a polícia. Uma filha de 9 anos e o sogro dele também ficaram feridos.
Carlos Alberto dos Santos, de 42 anos, está internado no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, sob custódia da polícia. Ele foi preso suspeito de matar a golpes de faca e machado a mulher, Alessandra Pereira, de 28 anos, e duas filhas, de 1 e 4 anos, na noite desta terça-feira (20), na Favela da Taquaral, em Santíssimo, na Zona Oeste. Ele sofreu escoriações após ser linchado por vizinhos. Carlos Alberto, que está algemado e é vigiado por dois policiais militares, teria dito que era traído pela mulher e disse estar arrependido de ter atacado as filhas.
De acordo com a polícia, a terceira filha do casal, de 9 anos, e o sogro dele, Antônio Vicente do Carmo, de 52 anos também foram feridos. Eles foram levados para o Hospital Rocha Faria. Segundo informações do hospital, a menina teve lesões no fígado e no pulmão e deve ter que passar por uma nova cirurgia. Ela está em observação. E o avô dela, que levou uma facada na cabeça, não corre risco de morte.
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E por falar em violência, vejam que coisa mais triste. Tem horas que a gente começa a achar que esse mundo não tem jeito mesmo. Como pode um ser humano ser capaz de tanta maldade?
Menino de 2 anos é mantido preso em canil com 3 pitbulls em SP
Avô diz que mantinha criança em canil para que ela não estragasse o jardim da casa.
Segundo polícia de Ibiúna, menino ficava amarrado pelo pescoço.
Patrícia Araújo Do G1, em São Paulo entre em contato

Um idoso de 64 anos foi preso na manhã desta quinta-feira (22) em Ibiúna (a 64 km de São Paulo) por manter uma criança de 2 anos amarrada com uma corda no pescoço dentro de um canil com três cachorros da raça pitbull.
De acordo com o delegado titular do 1º Distrito Policial da cidade, José de Arruda Madureira Júnior, o idoso era avô da criança. O homem, de 64 anos, teria dito que mantinha a criança amarrada junto aos cachorros havia cerca de um mês. Segundo a polícia, ele disse ainda que havia tomado a atitude para evitar que a criança destruísse as flores do jardim da casa onde moravam.
O menino dormia num colchão velho colocado no local e, segundo o idoso, a última refeição do garoto havia sido feita às 17h da quarta-feira (21): uma mamadeira com cerca de 100 ml de leite.
De acordo com o avô, a criança tinha sido deixada com ele pela mãe. O pai do menino teria morrido em uma troca de tiros. A mãe começou a namorar com outro homem e decidiu fugir com ele, deixando a criança para o avô.
O menino está internada na Santa Casa de Ibiúna e passa bem. Ele deverá ser encaminhado posteriormente para o Conselho Tutelar da cidade. O avô foi levado para a delegacia. Ele foi preso em flagrante por tortura e deverá ir para a cadeia de São Roque (a 59 km de São Paulo) ou de Pilar do Sul (a 142 km da capital paulista).
A guarda municipal chegou até a casa por volta das 10h30 por causa de uma denúncia anônima. Até o final da tarde desta quinta, deverá ser feita a perícia no local. Um guarda chegou a filmar a criança amarrada sendo retirada do local.
Segundo o delegado, o idoso parecia lúcido e respondeu a todas as perguntas com naturalidade. “Tenho 15 anos como delegado, mas essa foi a primeira vez que vi algo assim”, disse Madureira Júnior.
Eu não consigo nem imaginar o sofrimento desta criança. Como podemos esperar que depois de sofre toda esta maldade um menino desse cresça respeitanto o próximo? Como?

14 de março de 2007

Atitudes

Faz tempo que não venho aqui. Não que não tenha nada a dizer, muito pelo contrário. Ultimamente acho até que tenho falado bobagem demais. Os amigos do trabalho que o digam. Mas é que tem me faltado a energia suficiente pra organizar tudo na cabeça e escrever. O engraçado é que andei escrevendo um pouco mais justamente quando a cabeça não estava muito boa. Agora que estou bem não sai nada. Vem tudo na cabeça, mas se digitar do jeito que vem, vocês vão entender tanto quanto eu entendo alemão. Sem querer ser engraçadinho, vamos por partes.

Sabe a última novidade? A Terra tá aquecendo. Ah, pra você não é novidade? Pois pra mim também não é. Há anos que eu leio sobre esse assunto em revistas como Superinteressante. A diferença é que só agora os bonecos (leia-se líderes mundiais) resolveram aceitar e alardear o fato pra todo mundo. Agora tá todo mundo sabendo que a situação tá preta, que não vai esfriar nem que muita coisa seja feita, que piriri pororó. Mas cadê as atitudes? Vai todo mundo continuar sentado em cima da bunda?

Quer outra novidade? A violência passou dos limites. Seja no Rio de Janeiro ou São Paulo ou Curitiba ou Belo Horizonte ou Tremembé do Oeste. Você também acha que já passou dos limites faz tempo? Pois é. Na década de 80 o crime venceu. Eles é que comandam as grandes cidades desde então. Pessoas matam outras e, quando condenadas, voltam pra rua em menos tempo do que um cidadão leva pra pagar o financiamento do carro mil.

A lista de assuntos é interminável: redução da Amazônia, educação deprimente, estradas federais intransitáveis, corrupção... Sabe o que liga todos esses assuntos? Atitude. Ou falta dela, no caso. Na maioria dos casos, a impressão é que nada está sendo feito. Ou, no máximo, as ações são tão tímidas e fracas que não surtem efeito. É tipo dar aspirina pra paciente com câncer que precisa de morfina e cirurgia. E o dinheiro pra aspirina ainda sai do nosso bolso! Agora, me diz: quem é que vai ter coragem de cortar a aspirina, passar a faca no cara e arrancar os tumores?

25 de maio de 2006

Coisas Simples

E aí meu povo! Estamos muito relapsos com esse blog. Antes que eu me esqueça, deixo aqui os agradecimentos pelas felicitações, parabéns e afins que um mundaréu de gente deixou pra mim tanto aqui nos comentários quanto no orkut. Fiquei muito feliz, envaidecido e emocionado. Bah, emocionado não, porque macho que é macho não fica emocionado. Humpf.

Lembrei de escrever sobre um assunto muito interessante, pelo menos na minha opinião. Quero falar de coisas simples. Não, não é aquela frescura de aproveitar os momentos, nada disso. É sobre coisas simples no sentido mais restrito do termo. Por exemplo: nosso moleque está aprendendo a comer sozinho. Claro que não é com a destreza adequada, ainda, mas vez ou outra o ajudamos a encher a colher e levar à própria boca. Claro que ele fica todo contente, afinal é um ato de liberdade poder alimentar a si mesmo. É instintivo e simples, mas não é tão trivial quanto possa parecer. O movimento de levar o talher à boca requer um certo controle para girar o pulso, sem falar do posicionamento dos dedos, que precisa ser firme. Mas agora ele pelo menos já consegue comer as frutas picadinhas sozinho. Ele mesmo espeta com o garfinho, fala “espetô” com os olhos arregalados e põe na boca. Uma beleza.

Há coisas simples que não são instintivas nem triviais, mas que são de fato muito simples a partir do momento que você aprende a fazê-las. Parece complicado? Relaxa, vou dar um exemplo que acabei de discutir com a Publicitária. Digitar. Isso mesmo. Digitar. O ato de escrever num teclado de computador usando todos os dez dedinhos. Isso veio da datilografia, e a essência é exatamente a mesma. É extremamente simples digitar. Depois que você aprende, claro. Antes, é um mistério. É uma catação de milho pavorosa. Parece que as letras se escondem de você, e acaba levando segundos intermináveis até que se escreva “sim”. Deve ser infernal conversar no MSN sem saber digitar. O coitado do outro lado cochilaria antes de você terminar uma frase. Pra quem não fez curso de datilografia ou de digitação, resta a tarefa de decorar o teclado até que se possa pelo menos catar milho mais rápido (usando não mais apenas um dedo de cada mão). Enfim, apesar de ser simples, conheço muitas pessoas que não conseguem fazer.

Vou fazer um parêntese bem longo aqui. A Publicitária também acha simples falar no telefone com uma pessoa e conversar com outra no MSN, digitando com as duas mãos e todos os dedos. Humm. Não concordo com isso. Na minha opinião tipicamente masculina e monotarefa, acho que isso requereria (êta palavrinha danada!) ao menos dois cérebros. É tipo assobiar e chupar cana, ou bater o escanteio e cabecear. Pode até não ser fisicamente impossível (duvido muito!), mas não é simples e pronto. Humpf.

Como não podia deixar de ser, descobri uma coisa simples (simples de verdade, não essas esquisitices que citei no parágrafo anterior) que não consigo fazer nem com ajuda divina. Dar nó em bola de gás. Isso mesmo. É, bola, bexiga, balão. Esses de aniversário de criança, que você enche soprando e depois tem que dar um nó na ponta pra que não esvazie. Pois é. Estava eu brincando com o moleque com uma dessas, quando ele espetou a dita cuja com alguma coisa e a bola estourou. Eu, mais que depressa, disse: “papai vai encher outra pra você”. Fui lá no armário dele, que tem um saco cheio dessas bolas vazias, catei uma e enchi. Só faltava dar o nó. A teoria era clara na minha cabeça. Basta pegar a ponta, esticar e dar a volta em dois dedos, depois puxar a ponta entre os dois dedos fazendo o nó. Sei. Bom, depois de mais de vinte tentativas frustradas o moleque desistiu de esperar e foi brincar com outra coisa. Eu continuei lá, firme e forte, tentando de todas as formas dar o maldito nó. Como meus dedos são meio grossos, até duas colherzinhas de café eu usei pra tentar dar a volta com a ponta da bola. Uma meia hora se passou e nada de nó. Quando estava quase desistindo a patroa apareceu, e eu lhe pedi que me mostrasse como fazer o nó (ela é exímia fazedora de nós em bola de gás). Quem sabe eu estivesse fazendo algo errado, sei lá. Ela disse: “mas é só pegar a ponta, dar a volta em dois dedos e depois passar a ponta entre eles... é muito simples”. E foi o que ela fez. Pegou a bola, fez lá essa mágica e me mandou a bola, que veio flutuando até minhas mãos. Muito simples. Humpf.

16 de maio de 2006

Mães

– Isso. Abre aí.
– Será que já dá?
– Dá sim. Empurra com força.
– Nossa senhora. Não tá querendo entrar não... esse troço é muito grosso.
– Então tira e abre mais.
– Tá. Pronto. Se abrir mais do que isso, vai acabar rasgando!
– Isso. Agora enfia devagar. Vai rodando.

Nessa hora eu saí de perto. Comecei a ter visões obscenas e fui incapaz de segurar as gargalhadas. Agora você vê. Eu, um cara sério, ouvindo isso dos lábios da patroa e da mãe dela. Eu tava quieto, passando pela cozinha, e de repente vejo a cena. Elas duas tentando enfiar uma lingüiça gigantesca dentro de um pedado de lagarto redondo. Coitado do lagarto. Mas que foi muito gozado foi. Mas só no sentido figurado. Humm. De fato gozamos do lagarto no almoço do dia das mamães.

Parabéns atrasado à todas as mulheres desse Brasil. Sim, porque ninguém me engana. Sei que toda mulher quer ser mãe, então dá no mesmo.

26 de abril de 2006

Se ela dança...

eu danço. Se ela dança, eu danço. Falei com o DJ.

Eu sei... musiquinha chiclete essa, né?! Daquela que a gente ouve o refrão uma única vez e passa o dia todo repetindo. E olha que eu nem gosto de funk, de uma maneira geral é claro. Mas acontece que vi no domingo passado, no Fantástico, a Regina Casé entrevistando o criador desta pérola para o quadro “Minha Periferia” e achei muito interessante. Pra quem não assistiu, o rapaz que escreveu a música é conhecido como MC Leozinho e mora numa comunidade carente em Niterói (RJ). Pois bem, a inspiração para a letra veio numa festa onde uma determinada moça (que por sinal ignora a existência do rapaz até hoje) se acabou de dançar ao som de músicas eletrônicas e despertou o interesse imediato do funkeiro. Música pronta ele (que já era conhecido em rádios comunitárias), por algum malabarismo do destino, caiu nas graças de ninguém menos que Ronaldo, o Fenômeno (?). Estava o dito craque de futebol em uma coletiva de imprensa quando toca seu celular. Nada de mais, eu sei, não fosse o ringtone do aparelho ser exatamente a música em questão. Resultado? Na semana seguinte MC Leozinho estava cantando no Faustão. Daí em diante foi sucesso garantido. Afinal, se o Fenômeno (?) gosta, todo mundo deve gostar também. Né?!

É nada! Vamos combinar que o nosso ídolo futebolístico entende muito de bola (e, na minha opinião, pelo salário que recebe tem mais que entender mesmo), mas de música ele não tem nenhuma obrigação de ser conhecedor. Se gosta de uma em especial não quer dizer que o Brasil todo deva ouvir a dita cuja sem parar. Mas aí é que está o ponto onde eu queria chegar. A grande força que personagens como jogadores de futebol, artistas de novela e ídolos da música pop possuem como formadores de opinião.

É batata! Pra vender qualquer porcaria basta fazer com que alguma carinha bonita e famosa use. Pega um famoso qualquer e bota na Caras com um determinado sapato. Pronto ele já virou moda. A velocidade com que isso acontece é diretamente proporcional ao grau de famosismo do indivíduo escolhido. A partir daí a coisa toma vida própria e quando menos esperamos a molecada na rua está usando sapatos idênticos aos que apareceram nos pés do famoso em questão. Não importa se acham feio ou bonito. Se fulano usou, a gente usa também. Eu sei... eu sei que este tipo de comportamento é próprio da juventude. Mas não dá pra negar que tem muito marmanjo que age da mesma forma.

Mas eu não vou ficar aqui falando que as coisas deviam ser diferentes. Que os jovens deveriam ser melhor orientados dentro da família para serem capazes de desenvolver suas opiniões próprias. Todo mundo sabe disso e no frigir dos ovos nada tem sido feito. Minha intenção foi trazer um assunto que achei muito intrigante porque, apesar de ter conhecimento de todo esse mecanismo, nunca imaginei que a coisa fosse tão forte e tão rápida quanto este caso do Leozinho mostrou.

Moral da história? Sei lá!!! Tire você suas próprias conclusões.

Um grande bj e até a próxima.

17 de abril de 2006

Sobre o meu último post, aquele da Sexta-feira

Interessante. Recebi alguns comentários que me fizeram refletir. Dentre eles, gostaria de comentar os dois que foram escritos pela Elisa. Eles estão abaixo para facilitar a leitura.

"Não é comemoração. Na sexta feira santa nao se comemora NADA. pelo contrario. É um dia de jejum, reclusão, oração e quietude. Não se deve trabalhar, cozinhar, lavar, limpar. Semana santa nao foi feita pra viajar, comer bacalhoada na sexta. ao contrario, foi feita praq se pensar no sofrimento e na morte de cristo, lembrar que ele morreu por nós e fortalecer nossa fé. sabado de aleluia sim, comemora-se. porque aí é a Ressurreição. Ele revive. Ele vence a morte. definitivamente os Católicos nao comemoram NADA na sexta feira santa."

"e, sorry, mas João não foi o único que realmente conviveu com ele. Por favor, né. Se vc quer contestar a Bíblia por meio de um livro que leu, pelo menos cite a fonte. Ao contrário eu vou achar vc mentirosa, como qualquer orientador ou membro de banca (se nao me engano li que vcs fazem mestrado, nao?). Os outros discípulos TAMBÉM conviveram com Jesus. Que dizer de Pedro, por exemplo? e de Mateus? o melhor evangelho sobre a morte e ressurreissão de cristo não é nem o de João, é o de Mateus!
Olha, eu sou Catolica, Apostolica Romana praticante. Nao sou nenhuma alienada. Sou professora de metodologia de pesquisa num curso de pos graduacao. Já reneguei minha fé na adolescencia, ja conheci outras religioes, e hj SEI porque sou catolica. por isso acho que antes de meter a boca é melhor conhecer a fundo. espero que vcs tenham uma boa argumentacao pra sustentar esse post."

Antes de mais nada, gostaria de esclarecer dois pontos. Um: quem escreveu o post fui eu (Test Driver), então não entendi porque um adjetivo foi colocado no feminino. Dois: tudo o que foi escrito no post, assim como em todo o blog, representa a opinião do autor (Test Driver ou Navegadora), e não deve ser encarado como lei, norma, ou verdade absoluta e portanto não tenho que “sustentar” coisa alguma.

Dito isso, prossigamos. O livro, citado por mim no post, e citado pela Elisa no comentário, na verdade é a série Operação Cavalo de Tróia de J. J. Benítez, composta por sete volumes. De fato, considero toda a série uma obra de ficção, mas que abriga inúmeros conceitos que julgo serem ao menos perturbadores. E muito me interessa a discussão dos mesmos.

Bom, no primeiro comentário, a Elisa tenta explicar o que é a sexta-feira santa para os católicos. Muito bem. Entendo que o que ela disse representa o que a Igreja Católica diz. Acho que meu único erro aqui foi ter dito que o dia é de comemoração, e por isso peço desculpas se ofendi alguém. Apesar disso, o que escrevi é corroborado pelo que ela própria escreveu, já que nunca vi um católico jejuar na sexta-feira santa, ou então uma família católica que não cozinhe o almoço deste dia na própria manhã. Mas tudo bem. Acho até que uma pessoa passaria o dia muito feliz fazendo jejum e tudo mais, mas não como uma imposição, e sim como uma determinação pessoal. Sobre o sábado de aleluia, tenho que discordar, pois até onde sei, Jesus ressuscitou ao terceiro dia, que no caso é domingo. Bom, sobre as afirmações de que Jesus “morreu por nós” e que “ele venceu a morte”, acho que elas são simplificações grotescas do que de fato faria sentido ocorrer.

No segundo comentário, a Elisa pede que as fontes sejam citadas, sob pena de me achar mentiroso. Esclareço que o post não é uma tese, e volto a afirmar, ele expressa unicamente a minha opinião. Logo, não me sinto obrigado a provar absolutamente nada. De qualquer forma, quem se interessar pelo assunto deve sentir-se inteiramente à vontade para pesquisar as inúmeras fontes citadas na leitura que mencionei. Em particular, recomendo à você, Elisa, como professora de metodologia de pesquisa e pessoa interessada na religião católica, que leia a obra de Flávio Josefo. Ainda não o fiz, caso me pergunte. De toda forma, muito me interessaria saber das possíveis falhas na referida obra de Benítez com respeito à obra de Josefo.

Sobre a questão do evangelho de João, acho que houve confusão. Novamente baseado nos livros que mencionei, disse que “nos quatro evangelhos, fez-se um relato do que não se viu, à exceção de João, que foi o único que de fato conviveu com o homem.” O que quis dizer foi que apenas o apóstolo João, dentre os quatro evangelistas, viveu com Jesus, sendo que os outros evangelistas não eram apóstolos. De qualquer modo, acho que isto não é relevante, visto que os quatro evangelhos são contraditórios, confusos e tendenciosos. Basta lê-los. A propósito, não conheço um evangelho canônico que tenha sido escrito por Simão Pedro.

Por fim, e contrariando o que alguém porventura possa pensar, nunca reneguei minha fé. Renego, sim, todo e qualquer tipo de religião. Minha fé, muito mais do que acreditar em um Deus, me faz confiar Nele e buscá-Lo todos os dias de minha vida.

Anjos



Eu queira contar uma pequena história pra vocês. Tenham paciência, por favor. I have a point (eu juro). Em junho de 2003 eu tive a oportunidade de fazer uma viagem que foi uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida. Eu fui conhecer um pedacinho do Velho Mundo e me apaixonei completamente. Pena que o maridão não pode ir junto, porque aí sim teria sido a viagem perfeita. Mas de todo jeito, aproveitei o máximo que pude. Conheci lugares, visitei museus, provei comidas. Foi muito, mas muito bom mesmo. Mas essa viagem não teria sido tão fantástica se eu não tivesse tido a oportunidade de conhecer uma pessoa maravilhosa. É que eu fiquei hospedada na casa de uma brasileira muitíssimo bacana (que nem me conhecia e mesmo assim ofereceu sua casa pra eu passar uma semana). Ela me levou em passeios muito gostosos e me presenteou com conversas pra lá de legais.

É uma pena que nós não tenhamos nos falado mais nos últimos tempos, porque ela foi de importância fundamental na minha vida (e nem sei se ela sabe disso). Apesar da grande diferença de idade entre nós duas, conversamos longamente sobre milhões de coisas e, como não poderia deixar de ser, sobre as nossas vidas particulares. E foi numa dessas conversas que ela me falou uma coisa que marcou minha vida. Ainda me lembro de como foi: estávamos caminhando em direção a um restaurante, onde jantaríamos, e falávamos sobre a maravilha de ter filhos. Eu ainda estava muito insegura com respeito a esse assunto. Sempre que eu o maridão conversávamos, esbarrávamos na sensação de que ainda não era o momento perfeito para termos nosso bebê. E foi exatamente isso que falei. Pois ela me respondeu que, se eu tinha certeza de que estava com a pessoa ideal, esperar pelo momento perfeito era uma grande bobagem, porque este momento não existe. O que de fato importava era aproveitar o companheiro que eu tinha e o momento que estávamos vivendo, porque ao esperarmos pelo momento perfeito poderíamos deixar passar um momento bom.

Provavelmente essa lição ela aprendeu com sua própria vida. Isso porque, apesar de ter sido casada, ela não teve filhos e, no momento que nos conhecemos, o seu casamento já não existia mais. Guardei essa informação na minha cabeça e no meu coração e cheguei em casa com minha decisão tomada. Nós estávamos vivendo um momento muito bom! Poderia até não ser perfeito (principalmente pelo lado financeiro), mas era inegavelmente um momento mais do que adequado para termos um filho. Conversei muito com o maridão e decidimos que encomendaríamos nosso herdeiro. Assim foi e, em dezembro do mesmo ano, tivemos a confirmação do laboratório de que, em julho do ano seguinte, teríamos mais um membro em nossa família.

Já faz muito tempo que eu tive essa conversa, que aconteceu em outro continente e, olhando de hoje, me parece que aconteceu em outra vida. Mas ontem me lembrei disso tudo e senti uma enorme vontade de contar aqui. Sabe por quê? É que eu estava lá, sentada em frete ao vaso sanitário, ensinando nosso pequeno a ter paciência para esperar o xixi sair, e me sentindo enormemente orgulhosa por ter um garotinho que está largando as fraldas, e me veio à memória esse momento mágico em que eu percebi que não era preciso esperar o tal momento perfeito. Nesse instante eu agradeci de coração à essa pessoa especial que me fez ver uma verdade que estava embaixo do meu nariz e eu não conseguia enxergar.

Gosto de pensar que na vida nos aparecem anjos em momentos fundamentais. Esses anjos nos dão pequenas pistas para nos ajudarem a tomarmos nossas decisões. Se certas ou erradas, são de nossa total responsabilidade, é claro. Mas uma ajudinha é sempre bem vinda, né?! Ontem eu lembrei do anjo que me ajudou a decidir sobre a melhor coisa da minha vida... Outro dia eu conto sobre outros anjos.

Um grande bj e até a próxima.

13 de abril de 2006

Sexta-feira

Amanhã é sexta-feira santa. Para os católicos, comemora-se o dia da paixão de Cristo, ou seja, o dia em que nosso amigo Jesus comeu o pão que o diabo amassou. Na minha cabeça isso não faz muito sentido. Afinal, onde está o motivo de comemoração se o cara, exatamente nesta sexta-feira, levou cusparadas, foi espancado, chicoteado e depois morto por asfixia pregado numa estaca? Não dá.

Mas tudo bem. Nos dias de hoje, penso que poucas pessoas se lembram ou pelo menos tentam imaginar o que foi a paixão. Sei que a bíblia é falha nisso. Nos quatro evangelhos, fez-se um relato do que não se viu, à exceção de João, que foi o único que de fato conviveu com o homem.

De qualquer forma, os relatos foram escritos por seguidores que não entenderam absolutamente nada do que Jesus falou. Não os culpo. Os evangelistas viveram numa época de cegueira generalizada, onde a ignorância predominava. Esperavam um messias libertador do povo que restaurasse o poder soberano de Israel, na época dominado pelos romanos. Mas ele não era isso. Era muito mais. Ele veio trazer a luz. Veio trazer a verdade para os homens que quisessem buscá-la. Mas eles não entenderam.

De onde tirei estas certezas? De um livro. Mas não sei se devo citar o nome, afinal, inevitavelmente ele provoca reações adversas. Na melhor das hipóteses, você vai se sentir ofendido pelo autor, vai taxá-lo de mentiroso e passará a ignorar sua existência (e seus livros) a partir daí. Por outro lado, se você, desavisadamente, começar a duvidar das coisas que estão lá, estará num caminho sem volta. A partir desse dia, sua vida nunca mais será a mesma. Você irá questionar tudo, sempre. Começará a abrir os olhos para tatear no escuro. Ironicamente, você vai começar a caminhar com mais confiança, como se a vida fosse um simples caminhar. Começará a VIVER com letras maiúsculas.

Amanhã, então, celebremos a vida. Façamos o que gostamos de fazer, seja sozinho, seja com o cônjuge, seja com os amigos, seja com a família toda. Paz à todos nós.

“Bem-aventurado o que busca, conquanto morra crendo que jamais encontrou. E ditoso o que, à força de buscar, encontra. Quando encontrar, perturbar-se-á. E, havendo-se perturbado, maravilhar-se-á e reinará sobre tudo.”