17 de abril de 2006

Sobre o meu último post, aquele da Sexta-feira

Interessante. Recebi alguns comentários que me fizeram refletir. Dentre eles, gostaria de comentar os dois que foram escritos pela Elisa. Eles estão abaixo para facilitar a leitura.

"Não é comemoração. Na sexta feira santa nao se comemora NADA. pelo contrario. É um dia de jejum, reclusão, oração e quietude. Não se deve trabalhar, cozinhar, lavar, limpar. Semana santa nao foi feita pra viajar, comer bacalhoada na sexta. ao contrario, foi feita praq se pensar no sofrimento e na morte de cristo, lembrar que ele morreu por nós e fortalecer nossa fé. sabado de aleluia sim, comemora-se. porque aí é a Ressurreição. Ele revive. Ele vence a morte. definitivamente os Católicos nao comemoram NADA na sexta feira santa."

"e, sorry, mas João não foi o único que realmente conviveu com ele. Por favor, né. Se vc quer contestar a Bíblia por meio de um livro que leu, pelo menos cite a fonte. Ao contrário eu vou achar vc mentirosa, como qualquer orientador ou membro de banca (se nao me engano li que vcs fazem mestrado, nao?). Os outros discípulos TAMBÉM conviveram com Jesus. Que dizer de Pedro, por exemplo? e de Mateus? o melhor evangelho sobre a morte e ressurreissão de cristo não é nem o de João, é o de Mateus!
Olha, eu sou Catolica, Apostolica Romana praticante. Nao sou nenhuma alienada. Sou professora de metodologia de pesquisa num curso de pos graduacao. Já reneguei minha fé na adolescencia, ja conheci outras religioes, e hj SEI porque sou catolica. por isso acho que antes de meter a boca é melhor conhecer a fundo. espero que vcs tenham uma boa argumentacao pra sustentar esse post."

Antes de mais nada, gostaria de esclarecer dois pontos. Um: quem escreveu o post fui eu (Test Driver), então não entendi porque um adjetivo foi colocado no feminino. Dois: tudo o que foi escrito no post, assim como em todo o blog, representa a opinião do autor (Test Driver ou Navegadora), e não deve ser encarado como lei, norma, ou verdade absoluta e portanto não tenho que “sustentar” coisa alguma.

Dito isso, prossigamos. O livro, citado por mim no post, e citado pela Elisa no comentário, na verdade é a série Operação Cavalo de Tróia de J. J. Benítez, composta por sete volumes. De fato, considero toda a série uma obra de ficção, mas que abriga inúmeros conceitos que julgo serem ao menos perturbadores. E muito me interessa a discussão dos mesmos.

Bom, no primeiro comentário, a Elisa tenta explicar o que é a sexta-feira santa para os católicos. Muito bem. Entendo que o que ela disse representa o que a Igreja Católica diz. Acho que meu único erro aqui foi ter dito que o dia é de comemoração, e por isso peço desculpas se ofendi alguém. Apesar disso, o que escrevi é corroborado pelo que ela própria escreveu, já que nunca vi um católico jejuar na sexta-feira santa, ou então uma família católica que não cozinhe o almoço deste dia na própria manhã. Mas tudo bem. Acho até que uma pessoa passaria o dia muito feliz fazendo jejum e tudo mais, mas não como uma imposição, e sim como uma determinação pessoal. Sobre o sábado de aleluia, tenho que discordar, pois até onde sei, Jesus ressuscitou ao terceiro dia, que no caso é domingo. Bom, sobre as afirmações de que Jesus “morreu por nós” e que “ele venceu a morte”, acho que elas são simplificações grotescas do que de fato faria sentido ocorrer.

No segundo comentário, a Elisa pede que as fontes sejam citadas, sob pena de me achar mentiroso. Esclareço que o post não é uma tese, e volto a afirmar, ele expressa unicamente a minha opinião. Logo, não me sinto obrigado a provar absolutamente nada. De qualquer forma, quem se interessar pelo assunto deve sentir-se inteiramente à vontade para pesquisar as inúmeras fontes citadas na leitura que mencionei. Em particular, recomendo à você, Elisa, como professora de metodologia de pesquisa e pessoa interessada na religião católica, que leia a obra de Flávio Josefo. Ainda não o fiz, caso me pergunte. De toda forma, muito me interessaria saber das possíveis falhas na referida obra de Benítez com respeito à obra de Josefo.

Sobre a questão do evangelho de João, acho que houve confusão. Novamente baseado nos livros que mencionei, disse que “nos quatro evangelhos, fez-se um relato do que não se viu, à exceção de João, que foi o único que de fato conviveu com o homem.” O que quis dizer foi que apenas o apóstolo João, dentre os quatro evangelistas, viveu com Jesus, sendo que os outros evangelistas não eram apóstolos. De qualquer modo, acho que isto não é relevante, visto que os quatro evangelhos são contraditórios, confusos e tendenciosos. Basta lê-los. A propósito, não conheço um evangelho canônico que tenha sido escrito por Simão Pedro.

Por fim, e contrariando o que alguém porventura possa pensar, nunca reneguei minha fé. Renego, sim, todo e qualquer tipo de religião. Minha fé, muito mais do que acreditar em um Deus, me faz confiar Nele e buscá-Lo todos os dias de minha vida.