25 de maio de 2006

Coisas Simples

E aí meu povo! Estamos muito relapsos com esse blog. Antes que eu me esqueça, deixo aqui os agradecimentos pelas felicitações, parabéns e afins que um mundaréu de gente deixou pra mim tanto aqui nos comentários quanto no orkut. Fiquei muito feliz, envaidecido e emocionado. Bah, emocionado não, porque macho que é macho não fica emocionado. Humpf.

Lembrei de escrever sobre um assunto muito interessante, pelo menos na minha opinião. Quero falar de coisas simples. Não, não é aquela frescura de aproveitar os momentos, nada disso. É sobre coisas simples no sentido mais restrito do termo. Por exemplo: nosso moleque está aprendendo a comer sozinho. Claro que não é com a destreza adequada, ainda, mas vez ou outra o ajudamos a encher a colher e levar à própria boca. Claro que ele fica todo contente, afinal é um ato de liberdade poder alimentar a si mesmo. É instintivo e simples, mas não é tão trivial quanto possa parecer. O movimento de levar o talher à boca requer um certo controle para girar o pulso, sem falar do posicionamento dos dedos, que precisa ser firme. Mas agora ele pelo menos já consegue comer as frutas picadinhas sozinho. Ele mesmo espeta com o garfinho, fala “espetô” com os olhos arregalados e põe na boca. Uma beleza.

Há coisas simples que não são instintivas nem triviais, mas que são de fato muito simples a partir do momento que você aprende a fazê-las. Parece complicado? Relaxa, vou dar um exemplo que acabei de discutir com a Publicitária. Digitar. Isso mesmo. Digitar. O ato de escrever num teclado de computador usando todos os dez dedinhos. Isso veio da datilografia, e a essência é exatamente a mesma. É extremamente simples digitar. Depois que você aprende, claro. Antes, é um mistério. É uma catação de milho pavorosa. Parece que as letras se escondem de você, e acaba levando segundos intermináveis até que se escreva “sim”. Deve ser infernal conversar no MSN sem saber digitar. O coitado do outro lado cochilaria antes de você terminar uma frase. Pra quem não fez curso de datilografia ou de digitação, resta a tarefa de decorar o teclado até que se possa pelo menos catar milho mais rápido (usando não mais apenas um dedo de cada mão). Enfim, apesar de ser simples, conheço muitas pessoas que não conseguem fazer.

Vou fazer um parêntese bem longo aqui. A Publicitária também acha simples falar no telefone com uma pessoa e conversar com outra no MSN, digitando com as duas mãos e todos os dedos. Humm. Não concordo com isso. Na minha opinião tipicamente masculina e monotarefa, acho que isso requereria (êta palavrinha danada!) ao menos dois cérebros. É tipo assobiar e chupar cana, ou bater o escanteio e cabecear. Pode até não ser fisicamente impossível (duvido muito!), mas não é simples e pronto. Humpf.

Como não podia deixar de ser, descobri uma coisa simples (simples de verdade, não essas esquisitices que citei no parágrafo anterior) que não consigo fazer nem com ajuda divina. Dar nó em bola de gás. Isso mesmo. É, bola, bexiga, balão. Esses de aniversário de criança, que você enche soprando e depois tem que dar um nó na ponta pra que não esvazie. Pois é. Estava eu brincando com o moleque com uma dessas, quando ele espetou a dita cuja com alguma coisa e a bola estourou. Eu, mais que depressa, disse: “papai vai encher outra pra você”. Fui lá no armário dele, que tem um saco cheio dessas bolas vazias, catei uma e enchi. Só faltava dar o nó. A teoria era clara na minha cabeça. Basta pegar a ponta, esticar e dar a volta em dois dedos, depois puxar a ponta entre os dois dedos fazendo o nó. Sei. Bom, depois de mais de vinte tentativas frustradas o moleque desistiu de esperar e foi brincar com outra coisa. Eu continuei lá, firme e forte, tentando de todas as formas dar o maldito nó. Como meus dedos são meio grossos, até duas colherzinhas de café eu usei pra tentar dar a volta com a ponta da bola. Uma meia hora se passou e nada de nó. Quando estava quase desistindo a patroa apareceu, e eu lhe pedi que me mostrasse como fazer o nó (ela é exímia fazedora de nós em bola de gás). Quem sabe eu estivesse fazendo algo errado, sei lá. Ela disse: “mas é só pegar a ponta, dar a volta em dois dedos e depois passar a ponta entre eles... é muito simples”. E foi o que ela fez. Pegou a bola, fez lá essa mágica e me mandou a bola, que veio flutuando até minhas mãos. Muito simples. Humpf.