8 de dezembro de 2005

Vontade

Tá, eu confesso. Sou tarado por carros. É doentio, às vezes penso até em fazer terapia e tomar algum troço tarja preta pra combater, mas pensando bem, não vou fazer isso não. Muito pelo contrário, nutro diariamente a vontade de fazer um carro com a minha cara.
− Dããã, você quer tunar teu carro... que original...
Não, essa vontade não começou com a onda tuning. Vem desde os tempos em que eu nem tinha permissão pra ler a Playboy, mas lia religiosamente a Quatro Rodas e decorava a maior parte das coisas. Como todo adolescente da época, era louco pra ter Gol GTS vinho, GTi azul, Kadett GS amarelo, mas entendi que dificilmente poderíamos comprar qualquer carro zero. Classe média é um inferno. Minha mãe me ensinou que vontade é uma coisa que dá e passa. Mas a minha não passou.
Não sei se você vai acreditar, mas entrei no curso de engenharia mecânica na esperança de que, se não conseguisse ser piloto, pelo menos poderia trabalhar com carros de algum modo. Não consegui (pelo menos até agora). O curso, já acabei faz um tempo, e passei de jovem sonhador a pai de família com responsabilidades. Se eu deixei meu sonho de lado? Não, mas fui prático, apaguei a fogueira jogando areia em cima dela, e tratei de me sustentar. Só que essa fogueira reacendeu (na verdade nunca apagou direito), e nos últimos tempos parece que ganhou força.
Obviamente, a vontade cresceu muito depois de assistir Velozes e Furiosos no cinema. Cara, aquilo foi tão bom que chegou até a ser perigoso. Lembro da molecada (ah vai, eu também!) delirando no cinema com aqueles sons das trocas de marcha em 8 mil giros, do espirro do turbo, da injeção de óxido nitroso, dos pneus de perfil ultra-baixo lixando o asfalto (tá, parei!), e no fim do filme, fiquei até com medo do que poderia acontecer na rua com esses meninos indo pegar o carro do pai no estacionamento. Coitados dos pobres pneus, das frágeis embreagens, e dos corações das namoradas deles.
Mas comigo acontece uma coisa engraçada. Não curto muito o visual espalhafatoso tipo “olha o meu carro-alegórico cheio de treco pendurado”. Acho que esses carros são mesmo é de exposição, e servem pra mostrar novidades e boas soluções. Mas juntar tudo num carro só? Num sei não... E além disso, dificilmente esses carros poderiam ser usados no dia-a-dia, já que, pra dizer o mínimo, o seguro não paga pelos equipamentos embarcados. Bom, mas se não é disso que eu gosto, qual é a minha tal vontade então? Tá bom, vou dizer qual é. Tá preparado? Lá vai. Só queria dar personalidade e um motor forte porém dócil à um carro, de forma a poder usá-lo no dia-a-dia. Achou pouco? Tô aceitando doações pra começar o projeto. A descrição eu passo depois.

Um comentário:

  1. Acho que puxei qualquer outro lado da família... porque, mesmo contrariando o que diz o Lula Vieira (aquele publicitário famoso! que foi meu professor), que publicitário não pode achar que automóveis são meros meios de transporte, eu... eu... eu acho! Espero nunca ser atropelada... porque eu nem saberia dizer qual foi o carro que passou por cima de mim... rs (Credo!!!) Bjs

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