15 de março de 2006

Apelidos carinhosos

Hoje pela manhã o escritório ficou sem internet. Caos completo. Pessoas correndo pra lá e pra cá arrancando os cabelos tentando entender porque Deus teria agido de forma tão injusta, tão cruel. Se ninguém começa o dia antes de tomar o cafezinho das oito e quinze, a moça do cafezinho nem faz o cafezinho antes de ver os e-mails. Repito: caos completo.

E eu com isso? Se eu sinto falta da internet? Claro, oras. Só que hoje pela manhã eu não estava no escritório. Rá! Tinha marcado pra resolver problemas de suma importância. Acordei cedo e levei a Baleia Branca pra fazer um checápi.

Lembro que o primeiro carro do meu pai foi o Possante. Um fusquinha vermelho com logotipo de 1300 mas com motor de 1500. Não lembro dele direito, mas também não vou esquecer nunca. O segundo foi o Ligeirinho, um Chevettinho hatch bege, que recebeu esse nome graças ao ratinho mexicano mais rápido do mundo dos desenhos animados. O terceiro foi o Cotó, um Golzinho batedeira cinza pelo qual a família (principalmente meu pai) era apaixonada, mas que recebeu o apelido mais feio de todos, só por ter a traseira mais feia da história da indústria automobilística. Dele só restou mesmo uma lembrança doída, porque ele foi tirado de dentro de nossa garagem por um ladrão sem coração. Com o roubo do Cotó, um primo do Possante, só que bege, veio passar um tempo conosco, até que pudemos trocá-lo pelo Grilo. Ou seria Gafanhoto? Acho que isso não ficou totalmente definido na época, mas o que importa é que ele era uma Brasília verde musgo que atendia pelos dois nomes. Em seguida veio a Marajó, que obviamente dispensava apelido. O nome já era engraçado – e feio – demais. Depois dela, meu pai comprou o Tubarão Branco, que vem a ser um Verona... branco. Dãã. Mas o Tubarão tem explicação. É que o carro é muito baixo (mesmo não sendo rebaixado), e olhando de trás, dá pra ver o tanque de gasolina quase arrastando no chão, como se fosse a barriga do tubarão. Ah, pra mim parece. E meu pai tá com ele até hoje.

Um pouco antes de casarmos, meio que ganhamos de presente o carro que o sogrão tinha acabado de comprar pra ele. Era dele, mas o carro ficava com a gente. O engraçado foi que nos primeiros seis meses rodamos com o carro mais do que o pai dela rodou nos três anos seguintes. Que carro era? Era não, é. É um Golzinho preto quadrado chamado Pretinho (dã de novo), que atualmente divide a garagem com a Baleia Branca. E foram só seis meses rodando com ele porque logo depois conseguimos comprar o nosso próprio. Com a ajuda do meu pai, claro, porque vida de recém-casado é braba.

O primeiro carro que pude dizer que era de fato meu, incluindo aí as despesas com IPVA, seguro etc, foi um Palio cinza com aquele motorzinho 1.0 sem ser o Fire. Credo, como era lerdo pra andar! Adivinha o apelido. Chumbinho, claro. Depois trocamos por um outro Palio, só que azul e com motor Fire. Ah, esse até voava. Só que pra voar fazia uma barulheira infernal, parecia um helicóptero decolando. Foi batizado de Trovão Azul, em alusão àquele helicóptero homônimo que foi estrela de um seriado nos anos 80. Quem tiver mais de 25 anos deve lembrar, mas quem quiser ler sobre ele veja aqui. Enfim, tivemos muito carinho por ele, mas precisou ser sacrificado em função da compra do nosso castelo.

Um pouco antes do sacrifício do Trovão, e já na iminência de ter que andar à pé, meu avô me deu um presente muito especial. Já havia alguns anos que ele não tinha mais condições de dirigir (por conta da idade), e ver seu carro lá na garagem, parado à toa, certamente lhe partia o coração. Meu avô sempre foi um amante de carros, mesmo sem falar muito à respeito. Os seus, ele próprio consertava. Limpava carburador, mexia na suspensão, regulava freio, e tudo o mais que pode ser feito na garagem de casa. E era fiel à eles. Durante os muitos anos que convivi semanalmente com ele, ele trocou de carro apenas duas vezes, sendo que na segunda ele trocou – muito à contragosto, diga-se de passagem – sua Caravan verde-água (acho que 78) pela Parati branca quadrada que tempos depois ele me deu de presente. É com ela que hoje vamos pra todo canto, e é nela que o meu moleque senta pra brincar de dirigir quando chego do trabalho, fazendo “bruummm, bruummm, tschhhhh” (o “tschhhh” foi eu que ensinei, claro...).

Anteontem a Baleia começou a fazer um barulhinho esquisito, parecia que estava com um chiado no peito. Hoje pela manhã, então, levei-a ao pronto-socorro, digo, oficina, e o rapaz aproveitou pra trocar filtros, limpar o sistema de arrefecimento, e fazer uma limpezinha de carburador. Nisso, descobriu que o segundo estágio do carburador estava grimpado. Pô, imagina um manco tentando correr. É a mesma coisa. Depois de tudo limpo, ajustado e regulado, ela roncou como uma Baleia. (Baleia ronca?) Ah, o barulhinho? Bobagem, era só o protetor do cárter que estava meio frouxo.

Um comentário:

  1. Glaucia8:53 PM

    Adorei!
    Já tive:
    Fusca - "Dunga" - Em homenagem ao anão da Branca de Neve e suas orelhas de "abano";
    Celta - "Jamelão" - Em homenagem a sua cor... dããã!!!
    Astra - "Siri Cascudo" - Homenagem a um caranguejo que que se assustou com o carro à noite em uma região praiana e resolveu "encarar" o carro levantando as garras... Foi assim, com o barulho das patas do caranguejo no assoalho do carro que ele foi batizado.
    Vectra - Chumbinho - devido a cor...dãããã!!!

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