10 de março de 2006

Sobre meninos e homens

No post anterior, aquele homenageando as mulheres, cometi dois erros grotescos. Primeiro: no iniciozinho, disse que era muito eficiente e coisa e tal, mas eu estava tentando ser engraçado. Como mal sei escrever, saiu com um tom metido a besta, meio arrogante. Relevem, por favor. Segundo: escrevi errado o nome de um perfume famoso (não é Channel, e sim Chanel), e com isso devo ter ofendido a falecida Sra. Gabrielle ‘Coco’ Chanel. Como pude fazer isso logo num post de homenagem às mulheres. Humpf. Por favor, relevem de novo. Dito isso, prossigamos.

Outra coisa que disse no post era sobre as minhas lembranças. Muitas envolvem pelo menos uma das mulheres com as quais convivo, e outras tantas envolvem meu pai. É sobre isso que queria falar.

Nossa família sempre conviveu muito junta, desde que me entendo por gente. Meu pai e minha mãe eram minha referência. O lazer de cada um de nós era estar com os outros. Cresci assim, e acho que isso ficou impresso na minha alma, na minha forma de ser. Claro que nem sempre foi tudo um mar de rosas, mas ao longo dos anos aprendi que eles fizeram o que tinham que fazer. Se agiram assim ou assado em determinada situação, o fizeram porque julgaram que era o melhor pra mim. Afinal, tudo que eles queriam era o meu bem. Eles não eram só meus pais. Eram tutores, guias, referências, enfim. Se foram amigos? Não, não foram, e agradeço muito por isso. Acho que crianças e adolescentes precisam de limites, e se são os pais e as mães os responsáveis por impor limites, como poderão fazê-lo sendo amigos dos filhos? São duas funções incompatíveis, na minha opinião.

Pois bem. Mas o importante é que muito do que sei hoje devo à eles. Me ensinaram muitas coisas; outras que eles não podiam ensinar porque não sabiam, me deram meios pra aprender; e também com muito mérito, me ensinaram algumas coisas que não se deve fazer.

Sendo filho homem, existia aquela tendência natural de o garoto se aproximar do modelo do pai. Lembro de andar atrás dele pela casa tentando aprender tudo que ele fazia. Assim aprendi a lidar com todo tipo de ferramentas, a consertar coisas, a ler gibis e revistas, a lavar e polir o carro, e até mesmo a gostar de lavar a louça pra ajudar minha mãe. Aprendi a andar de bicicleta com ele, e sempre adorei os passeios que fazíamos juntos. Ele comprou minha primeira bicicleta com marchas quando fiz 15 anos, e se nunca me machuquei em cima dela foi porque ele me ensinou a andar com responsabilidade. Não foi ele quem me ensinou a prática da direção (já que ele não pode dirigir), mas foi ele quem me ensinou muito da teoria. Pode soar bobo, mas do mesmo jeito que nunca levei um tombo de bicicleta, nunca sofri um acidente de carro. Também me ensinou que quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro, mas que mesmo assim deve-se trabalhar muito, e honestamente, para que se possa dormir um sono tranquilo. Me ensinou que deve-se procurar fazer o bem, não importando à quem.

Amadureci, constituí uma nova família, e fico muito feliz de ainda poder contar com a presença dos meus pais. Hoje, o centro de diversão deles é o neto, e muitas vezes me divirto só de vê-los brincar. Gosto de ver aquele pingo de gente puxando o braço do avô dizendo “vovô... deitá”, ficando de pé sobre as costelas do coitado dizendo “gande!” e se preparando para o gran finale da brincadeira deles, quando ele abre as pernas e cai deitado no peito do avô só pra ganhar um abraço. Assistindo à cena, penso em quantas coisas quero ensinar pra esse menino, e rezo pra ter competência pra isso. Por ora, disfarço as lágrimas com um sorriso, e aproveito os momentos.

Um comentário:

  1. Achei esse blog aleatóriamente, porém me emocionei muito com esse post, parabéns!

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